Muito se fala em procrastinação. Há inúmeros aplicativos e técnicas que nos ajudam a gerenciar tarefas, controlar o tempo das atividades, e até mesmo monitorar o que fazemos na internet.

Apesar disso, por mais que sejam úteis, essas ferramentas raramente atacam o problema central, as causas que nos levam a adiar objetivos, atrasar entregas ou simplesmente deixar atividades importantes para a última hora.

O que é procrastinação?

Procrastinação é simplesmente o ato de postergar uma tarefa que precisamos realizar, em qualquer área da nossa vida, seja no trabalho, nos relacionamentos pessoais, em nossa saúde ou em nossos objetivos.

Em sua origem latina, procrastinare, significa literalmente “adiar até amanhã”. Já em sua origem grega, a palavra deriva de akrasia, e significa “fazer algo contra o nosso melhor julgamento”.

E é justamente esse o sentimento que a procrastinação nos causa quando postergamos uma tarefa: um sentimento de culpa e desconforto por não fazer o que é o correto naquele momento.

Por que procrastinamos?

Apesar de a principal consequência da procrastinação ser adiar tarefas, sua principal causa são emoções desafiadoras, que podem ter relação com a tarefa que estamos realizando, ou com problemas de saúde como estresse, ansiedade, entre outros.

Problemas de saúde

Há momentos da vida em que nossa carga emocional é muito grande. Períodos mais exigentes no trabalho, problemas de família não resolvidos, dificuldades financeiras.

Como você vai deixando tudo para depois, acaba entrando em uma bola de neve onde tarefas não concluídas se acumulam e geram cada vez mais estresse, reduzindo nossa capacidade de resolver problemas..

A dificuldade não está na tarefa, mas em nosso estado emocional. É fundamental observar como a nossa mente vagueia quando tentamos cumprir com algum compromisso, sempre procurando um alívio e uma distração.

Na verdade, essa distração tende a piorar nossos problemas, pois não é fugindo deles que eles serão resolvidos.

Problemas com a atividade a ser realizada

Outra causa muito comum para a procrastinação é não saber lidar com os sentimentos provocados pela tarefa ou pelo problema com os quais estamos envolvidos no momento. 

Em nossa rotina, sempre existe aquela atividade que não gostamos muito de fazer, ou que não sabemos fazer direito.

Em alguns casos, algumas tarefas podem ir contra nossos princípios e valores, dificultando ainda mais o seu término sem que nos demos conta.

Talvez tenhamos vergonha de entregar uma tarefa por não saber fazer direito, e assim adiamos ao máximo a sua realização.

Talvez precisamos ter uma conversa difícil com um familiar ou colega de trabalho, e o medo de repreensão nos faz adiar essa conversa necessária.

Pode ser até que você não goste de fazer a tarefa que está proposta, e pelos sentimentos de frustração de fazer algo que você ache chato, pode fazer com que você continue empurrando aquela tarefa adiante.

Nestes casos, o sentimento provocado pela atividade é o grande desafio, pois a procrastinação acaba provocando em nossa mente o que costumo chamar de laço aberto, ou seja, uma tarefa não concluída, ocupando espaço na mente, que nos impossibilita de prestar atenção ou de se concentrar em outras atividades.

Porém, da mesma forma que postergar atividades por cansaço ou estresse não vai fazê-las desaparecerem, os desafios que temos com as nossas obrigações não vão deixar de existir, simplesmente porque resolvemos ignorá-los ou fazer outra coisa no lugar.

Então tá, mas como acabar com a procrastinação?

Fica claro então que a procrastinação não é um problema de gestão do tempo, mas sim uma questão de gestão das emoções.

Neste sentido, a melhor ferramenta para auxiliar no cumprimento de tarefas não são os aplicativos de produtividade, mas sim a nossa própria inteligência emocional.

Postergamos as tarefas não porque temos um problema de organização pessoal, mas sim porque temos alguma emoção ou sentimento não resolvidos.

A consequência disso pode até ser pegar mais tarefas do que realmente damos conta, e isso levar a um problema de gestão de atividades, porém a causa principal é o estado emocional que nos levou a acumular tarefas.

Dependendo do nível de sua saúde emocional, será necessário uma intervenção médica ou terapêutica. Terapias como a da Aceitação e Compromisso, uma derivação da Terapia Cognitivo-Comportamental, podem ser de grande ajuda, e imprescindível nos casos mais graves de estresse.

Independente disso, há algumas estratégias que podemos utilizar imediatamente para lidar com esse problema.

Pequenas (e imediatas!) ações:

Todos somos capazes de realizar grandes tarefas em nossa vida, desde que tenhamos a calma e a paciência de fazer as coisas por partes.

Por isso é fundamental dividir sua atividade em quantas partes for necessário, e assim se concentrar em realizar uma pequena etapa dessas de cada vez. Isso nos auxilia a simplesmente começar.

Seja uma apresentação, um trabalho do mestrado, um produto ou serviço que você está desenvolvendo, o ideal é simplesmente começar e pensar nos próximos passos.

Suponha que você precise entregar uma apresentação. Pensar nela como um todo pode causar ansiedade e insegurança sobre a sua capacidade de realizá-la.

Porém, se você simplesmente abrir o aplicativo e dar um nome para sua apresentação, ela já começa a existir. Você deu o primeiro passo.

Depois, você escreve uma parte do texto, cria o primeiro slide, seleciona as imagens. Com isso, passo a passo, ação por ação, você consegue dar corpo ao seu trabalho.

É mais eficaz desvendar cada parte do trabalho conforme você avança.

É importante no entanto, deixar de lado o perfeccionismo, pois a nossa mente adora criar obstáculos através de críticas e pensamentos que nos desencorajam a seguir em frente.

Lembre-se: o feito é melhor que o perfeito não feito!

Vivendo o momento presente…

As emoções são aquilo que nos conectam com o momento presente, e geralmente quando divagamos ou quando postergamos as atividades, estamos procurando fugir de ou aliviar as emoções desafiadoras.

Apesar de oferecer um alívio imediato, ignorar ou “anestesiar” as emoções vendo vídeos engraçados e olhando redes sociais, só fazem essas emoções se acumularem e ficarem depositadas em algum lugar da mente, ofuscando a nossa capacidade de lidar com questões complexas.

Viver o momento presente é uma prerrogativa para monitorar e gerenciar o seu estado emocional, perceber qual tarefa deve ser feita primeiro e definir prioridades, além de ter clareza se a tarefa está alinhada com seus objetivos ou não.

Dessa forma, ao invés de ficar ansiosa com prazos de entrega, sobre dar conta ou não da atividade, a maneira mais fácil de lidar com cada passo é focando no momento presente. Para isso, a meditação Mindfulness é uma excelente ferramenta para manter-se atenta às suas emoções e sensações.

Comece pelo mais difícil

Mas por onde começar?

Pelo título você já deve ter adivinhado: comece sempre pelo que é mais difícil. As tarefas mais difíceis geralmente são aquelas que nos dão mais resultado, e consequentemente, atrasá-las também nos oferece o maior prejuízo.

São aquelas atividades para as quais precisamos “juntar forças” antes de começar, ou que nos demanda uma longa preparação e uma série de rituais prévios para a sua realização. Como diz a Nike – Just do it.

Na verdade, as tarefas difíceis possuem um grande potencial de criar gargalos em nossa produtividade, pois vão se acumulando com tarefas menores e de menor impacto.

Você já deve ter ouvido falar no princípio de Pareto certo? O princípio de Pareto, ou o princípio 80/20 nos ensina que 20% das nossas atividades concentram 80% dos nossos resultados. São exatamente esses 20% de atividades que mais procrastinamos.

Uma outra forma de decidir qual das tarefas precisamos atacar primeiro é utilizar o método GTD. Nele, organizamos as nossas atividades por nível de prioridade e importância, de acordo com os objetivos do momento.

Segundo o GTD (Getting things done – que em português significa algo como “resolver as coisas”), devemos sempre priorizar aquelas tarefas que são urgentes e importantes, para depois focar nas tarefas que são importantes, mas não urgentes.

As tarefas que são urgentes, porém não importantes, de preferência devemos delegar para outras pessoas, e as que não são importantes, nem urgentes, devemos simplesmente riscá-las da nossa lista de tarefas (geralmente as tarefas que fazemos durante a procrastinação).

Conclusão

Como podemos perceber, acabar com a procrastinação tem muito mais a ver com desenvolver presença e agilidade emocional.

Se você sente sobrecarregado e está cansando de postergar seus objetivos e ambições, entre em contato comigo pois eu posso te ajudar.

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